ARTIGO

Atitude contra o desabastecimento

 

A Organização Avícola do Rio Grande do Sul emitiu um alerta sobre o quadro emergencial de abastecimento interno de grãos — milho e soja — no estado. Não é um caso isolado. Outros polos produtores, como Santa Catarina, enfrentam o mesmo problema. A diferença é que o milho gaúcho registra a segunda quebra de safra seguida, e o setor da proteína animal — que depende, especialmente, desse grão — está preocupado. Há relatos de interrupção nas atividades de produtores de aves e ovos.

Historicamente, Rio Grande do Sul e Santa Catarina são grandes produtores de aves e suínos, mas deficitários na produção de milho para atender às demandas de granjas e agroindústrias. A situação obriga esses potenciais consumidores a buscar o grão em outros estados e países. Somado a isso, a pandemia trouxe entraves e gerou pânico na economia, com altas fora da normalidade. A proteína animal já passou por crises e supervalorização deste mercado, mas nada se compara à atual situação.

Acreditamos nas exportações livres — e defendemos a informação antecipada das vendas em equidade com o mercado externo, como ocorre com os EUA. Mas precisamos de opções. As importações de outros pólos além do Mercosul e o equilíbrio de acesso foram alguns dos pleitos encaminhados pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) ao Ministério da Agricultura.

Abastecimento de grãos é questão de segurança alimentar. Criar uma alternativa adicional ao milho é primordial. Nessa seara, entram as culturas alternativas ao inverno no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. Aveia, cevada e trigo são complementos bem-sucedidos na composição da ração de aves e suínos. É possível ampliar a área em até 500 mil hectares nos dois estados do Sul, já neste ano. Teríamos, portanto, 1,8 mil dos quase 7,8 mil hectares usados para as safras de verão. Os atores já se movimentam.

As agroindústrias de aves, suínos e lácteos sinalizam a compra desse mercado futuro. A Embrapa fornecerá subsídio tecnológico pela unidade de trigo, que pesquisa o uso desses cereais na composição da ração animal desde 1987. Esse trabalho vai movimentar diversas cadeias e deve proteger o solo que fica descoberto no inverno, gerando emprego e renda em diferentes níveis. Temos uma oportunidade única nas mãos: otimizar as culturas de inverno.

 

Ex-ministro da Agricultura, presidente do Conselho Consultivo da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e líder do movimento de Otimização das Culturas de Inverno

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