ARTIGO

A generalização conduz ao erro

Generalizar é o caminho mais fácil de errar, disse um pensador. Parece clichê, mas é algo grave na vida social brasileira. Observo esse fenômeno desde o início da minha jornada — primeiro como prefeito, parlamentar e ministro de Estado; depois, como executivo da iniciativa privada. Nosso país tem uma autoestima muito abaixo de sua realidade concreta e das virtudes do seu povo. E alguns setores exercem essa autodepreciação com sagacidade. É verdade que eu vi muita “coisa ruim” em minha vida: pessoas incompetentes, medíocres, tendentes à ladroagem, acomodadas. Também vi instituições defasadas, fechadas para a inovação, presas a corporações. Convivi com empresários individualistas, restritos às suas redomas. Presenciei ainda o lado amorfo da política — fisiologista, com interesses escusos. E decisões judiciais que beneficiaram esse sistema. Mas vi também, caro leitor, governantes vocacionados para servir, aderentes a fazer o que é certo. Vi mudanças surgirem de construções políticas bem conduzidas, com diálogo e respeito. Vi parlamentares brigando pelo que creem — coerentes, firmes, sem rabo preso. Vi empreendedores gerando emprego, renda, partilhando progresso. Vi — e vivi — a política com honestidade e resultado. Vi — e vivi — a vida empresarial com compromisso social e abnegação. E decisões judiciais baseadas verdadeiramente na Constituição. E, nesse balanço de observações, tenho convicção: o bem é maior do que o mal, os bons são maiores do que os ruins, as possibilidades são maiores do que as impossibilidades. Só que é preciso separar um do outro, tal como na lição bíblica do evangelista Mateus: “Ao colher o joio, não arranqueis também o trigo com ele”. Precisamos treinar esse exercício de honestidade intelectual. Jogar tudo na latrina é um gesto medíocre e perigoso. Um mínimo de amor cívico precisa nos motivar para ver o lado bom do Brasil e dos brasileiros, sem generalizações que só ajudam o lado ruim dessa força. Senão, como quer parte do Supremo, teremos de pedir perdão a ladrões e crucificar os que lutam e lutaram para estancar a sangria. E eu me nego a fazer isso.   Consultor em agronegócio, ex-ministro da Agricultura

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