ARTIGO

O ciclo virtuoso da pontualidade

 

A reunião que demora para começar. A consulta do médico que nunca acontece na hora marcada. O amigo que chega no final da festa. A autoridade que não cumpre a agenda. A lista de exemplos da cultura do atraso em nosso cotidiano é infindável. Mas isso não é apenas sobre comportamento e vida privada; é também sobre negócios, práticas comerciais e resolutividade. Muito além dos minutos perdidos, esse vício contamina as relações humanas tanto quanto nossa economia. A profilaxia e o tratamento são o mesmo: a pontualidade.

Observo essa chaga em toda a minha trajetória no setor público e na iniciativa privada, há décadas participando de encontros e eventos – aqui e no exterior. Nós, brasileiros, temos uma desvantagem competitiva em relação a países que agem com mais disciplina.

As pequenas concessões que fazemos para o atraso acabam por conformar a ideia de que isso é normal ou até aceitável. Tal comportamento traz implícita uma desconsideração com o outro, uma falta de empatia travestida de distração. Posso parecer rígido demais ao afirmar isso, mas minha experiência de vida comprova: o viciado em impontualidade não é confiável. Portanto, não deve-se perder tempo com ele.

Muitos culpam a gênese do brasileiro por tudo, o que justificaria o famoso “jeitinho” e outros tantos maus costumes a nós atribuídos. Desculpem-me os conformados, mas essa não é nossa essência. Há um Brasil profundo que dá certo – que avança inclusive com base na pontualidade.

Se o atraso é contagiante, a pontualidade também é. A imagem de profissionalismo e eficiência de locais como Inglaterra, Japão e Alemanha vem também do respeito aos horários e do histórico de honrar seus compromissos. Isso define suas posições nos negócios globais. Um exemplo do efeito dessa reputação é o Aeroporto Salgado Filho: mesmo sem conhecer detalhes sobre a vencedora da concessão, muitos gaúchos saudaram o resultado da concorrência pelo simples fato de tratar-se de uma empresa alemã. “Agora vai”, ouvia-se por todos os cantos. E, de fato, foi!

 Para que o círculo virtuoso da pontualidade traga ao Brasil os frutos já colhidos por outras nações, é preciso valorizá-la das pequenas às grandes coisas: de chegar na hora a reuniões a cumprir os prazos estabelecidos em contratos para obras públicas, por exemplo. Valorizar essa qualidade significa elevar nossos valores. E compreender que, com respeito aos outros, podemos fazer um país muito maior e muito mais forte.

 

Presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA)

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